O Rio Zêzere nasce na Serra da Estrela, a cerca de 1900m de altitude, junto ao Cântaro Magro, onde se define o início do maior vale glaciar da Europa (13 km). Depois de descer a Serra da Estrela em agitado percurso, o Zêzere, já mais sereno, passa por Belmonte e Covilhã. Daqui, e quase até desaguar no Tejo, em Constânica, depois de um percurso de cerca de 248 Km, é alimentado, de ambas as margens pelo mar de montanhas que enquadra as Aldeias do Xisto. Depois do Mondego, é o segundo maior rio exclusivamente português.
Próximo de Cambas (Oleiros), entre as aldeias de Janeiro de Cima e Álvaro, o Zêzere deixa de ser rio e passa à calmaria de albufeira (Barragem do Cabril), onde as suas águas repousam antes de continuarem viagem. É neste troço que o encontramos nas curvas e contracurvas que o Geopark Naturtejo da Meseta Meridional designou por "Meandros do Zêzere".
Se não corresse num vale tão sinuoso e encaixado daqui até Constância, ver-se-ia que o conjunto das albufeiras das três barragens (Cabril, Bouça e Castelo do Bode) formam um imenso lago artificial, com mais de 5.800 hectares.
Mais do que separar, o Zêzere é o denominador comum da identidade das seis Aldeias do Xisto que estão na sua bacia hidrográfica.
A sua importância no quadro da hidrografia do País, a diversidade e qualidade dos habitats que cria e atravessa e os valores patrimoniais que encontramos na sua envolvente, justificam o estabelecimento da Grande Rota que em breve terá o seu nome.
Quem apareceu primeiro, o rio ou a árvore?
“ … e o zenzereiro, árvore a quem o rio deu o nome, por se criar somente nelle grande e copado, de folhas muito verdes de feição de louro, cujas flores são brancas, e de feição de cacho de uva em flor …”, Miguel Leitão de Andrade (1629). Ainda hoje em dia, o azereiro ocorre em vários locais da bacia hidrográfica do Zêzere, alguns deles bem próximos das suas águas. Alguns exemplares são observáveis nas imediações do cemitério de Pedrógão Pequeno.
Miguel Leitão de Andrade, em 1629, ao referir que o rio “… chamando-se Ozeraco e agora Zênzere …” dá-nos uma hipótese para a evolução do nome do rio. Mas noutro trecho da sua obra indica que foi o rio que deu o nome à árvore que era abundante nas suas margens e encostas. Pelo menos ficamos a saber que desde o séc. XVII o nome do rio evoluiu de Zênzere para Zêzere.