“É o renascer da freguesia e do concelho”. É assim que o presidente da Junta de Freguesia da Aldeia das Dez olha para a XVI Festa da Castanha que animou o Santuário da Nossa Senhora das Preces, Vale da Maceira, no fim de semana de 20 e 21 de outubro.
“É uma viragem histórica. O último ano foi marcado por uma tragédia como não havia memória e esta é mais uma forma de darmos a volta e mostrarmos a resiliência das nossas gentes”, considera Carlos Castanheira.
Uma mensagem também sublinhada pelo presidente da Câmara Municipal de Oliveira do Hospital, que fez questão de marcar presença. José Carlos Alexandrino considera que, depois do cancelamento do ano passado, na sequência dos incêndios que atingiram fortemente o concelho, este é um momento que traz“uma nova força e um novo alento para se fazer algo maior”.
O autarca adianta que o Município vai apostar cada vez mais na Festa da Castanha, integrando este evento na estratégia de “venda de um território ainda desconhecido”, à semelhança do que já acontece com a Feira do Queijo de Oliveira do Hospital. José Carlos Alexandrino acrescenta que, para isso, é necessário aprofundar o plano integrado já em curso, que envolve várias entidades, com destaque para as Aldeias do Xisto e os concelhos vizinhos. Nestes lugares, as fronteiras entre concelhos são “apenas linhas administrativas” e é a união que tem de prevalecer.
Um evento que é já “uma tradição”
Porque há memórias que ficam para sempre e porque é, de facto, necessário avançar com a reflorestação da região, a organização fechou o certame com a distribuição de um milhar de castanheiros. Foram muitas as pessoas que se colocaram em fila para receber o seu exemplar e contribuir para uma causa que é de todos.
“É uma iniciativa simbólica, mas importante para a reflorestação”, consideram Rui Monteiro e Adília Fonseca, já de castanheiro na mão. Vieram de Lagares da Beira para visitar a feira e mostram-se satisfeitos com a decisão. “É um evento muito agradável”, dizem.
Mesmo com a chuva, que se foi fazendo sentir ao longo do dia de domingo, o recinto localizado no Santuário de Nossa Senhora das Preces, em Vale Maceira, esteve sempre bem composto.
"A vinda à Festa das Castanhas é quase uma tradição. Vimos todos os anos, também porque o meu sogro é de Aldeia das Dez", conta Sandra Valente, vinda de Coimbra com o marido, Pedro, e a filha Inês.
"É, sem dúvida, um evento muito interessante, num local privilegiado", continua enquanto a pequena Inês a puxa, insistindo para acompanharem a banda que entretanto começou a atuar e vai desfilar pelo recinto.
Conseguiu ainda tempo para referir a boa organização do evento, com uma "grande variedade de stands e inúmeras iguarias para degustar" e destacar a "evolvência e beleza natural" do local onde se realiza.
"Para nós é muito importante podermos contribuir de alguma forma para a preservação deste património cultural e participar na sua dinamização," conclui.
Segundo Carlos Castanheira, pelo Santuário de Nossa Senhora das Preces passaram largas centenas de pessoas que apreciaram os produtos apresentados pelos cerca de 70 expositores. Artesanato, doces, queijos, enchidos, nozes e, claro, castanhas encheram as bancas e chamaram a atenção dos visitantes.
“Tendo em conta o ano que passou, não se pode dizer que o negócio está mau”, diz Ana Lourenço, da Donaana. Contudo, “nota-se que ainda não há muito dinheiro”, sublinha.
José Pereira, o marido, subscreve as palavras da esposa. Elogia o trabalho que tem vindo a ser desenvolvido pelas pessoas, sobretudo se olharmos para o passado recente, mas acredita que a região tem muito mais para oferecer e que, por isso, merece mais apoios.
As crianças não foram esquecidas pela organização e, pela primeira vez, houve atividades vocacionadas para o público infantil e para as famílias. Artes plásticas, showcookings, sementeira de castanheiros foram algumas das atividades que preencheram o dia de todos quantos participaram.
Graça Silva, vereadora da Cultura da Câmara Municipal de Oliveira do Hospital, estima que terão participado cerca de mais de uma centena de crianças. Por isso, a aposta é para manter e, quem sabe, "intensificar em iniciativas futuras, de modo a dar resposta à procura".
A Festa da Castanha não seria completa sem o tradicional magusto. Ao final da tarde, juntou-se a caruma, misturaram-se as castanhas e fez-se o gosto ao paladar.
III Trail do Colcurinho com mais de 200 participantes
À Festa da Castanha juntou-se, no domingo, o III Trail do Colcurinho, que reuniu mais de duas centenas de participantes oriundos dos mais diversos pontos do país.
Luís Miguel Cunha, da equipa Coimbra Trail Running, foi o vencedor da geral no Trail Longo K25 +. O primeiro lugar do Trail Kurto K12 foi para Filipe Coelho, da Tartarugas Runners. O atleta internacional Paulo Guerra foi o padrinho da prova.
No final do dia, Carlos Castanheira era um autarca satisfeito e orgulhoso. A Festa da Castanha “correspondeu bem às expectativas”, remata.
Texto: Andreia Gonçalves