“Começou como uma brincadeira e agora é uma espécie de festa do povo”, que este ano reuniu cerca de 240 pessoas, começa por contar Nuno Dias, da Comissão de Melhoramentos do Porto de Vacas, no concelho de Pampilhosa da Serra, responsável pela organização da iniciativa Carnaval é no Caminho do Xisto de Porto de Vacas.
“A maior parte dos participantes tem ligação à aldeia, mas este é o ano em que veio mais gente de fora”, acrescenta.
É no centro da aldeia que o grupo se junta. Há quem se apresente de máscara, há quem deixe o Carnaval de lado, mas o que não falta é energia, a boa disposição e os (re)encontros próprios das grandes festas.
Depois de ultrapassadas as questões administrativas e dadas as instruções, é tempo de pormos as pernas a mexer. Pouco depois, e antes que a dispersão comece a acontecer fruto dos diferentes ritmos, o grupo é incentivado a parar e a reunir-se para uma fotografia, mesmo à beira do Zêzere.
O Zêzere é, de resto, um dos companheiros de viagem e, aqui e ali, surpreende-nos com paisagens que nos interrompem o pensamento e as conversas, convocando-nos para um exclusivo entre homem e rio.
Este ano, a organização introduziu uma variante no percurso, acrescentando cerca de 1,5km, tornando-o mais desafiante e motivador para quem o percorre ano após ano.
epois de percorridos os trilhos que envolvem a aldeia e que levam até à zona balnear, os participantes encontram aqui uma recompensa deliciosa: filhós espichadas, bolos de azeite e jeropiga, para abrir o apetite para o almoço-convívio e ganhar energia para a tarde de música e dança que se seguiu, com a animação pelo Grupo "Ca'Gaita", que acompanhou também o percurso.
“Sempre fiz os bolos e as filhós para ter em casa. Fazia também para a família e alguns amigos, que começaram a dar a provar a outras pessoas e comecei a receber cada vez mais pedidos”, conta Filomena Marcelino, que conta com a ajuda da irmã Ana para dar vazão às encomendas. O Carnaval é no Caminho do Xisto de Porto Vacas contribuiu também que a palavra se espalhasse rapidamente. “Estas iniciativas são muito boas, dão vida à aldeia e divulgam as tradições e os produtos da terra”, considera.
Ana Pereira e José Pereira, residentes em Oeiras, gostam de caminhar à beira-mar ou descobrir os trilhos da Serra de Sintra, mas o campo oferece uma “oxigenação muito importante”. Foi através de familiares de Proença-a-Nova que tiveram conhecimento desta iniciativa e prontamente se associaram. “Foi muito giro e interessante, gostamos muito do que é verde e rodeado de natureza. Vale a pena repetir”, partilham.
“Eu gosto de canoa, mas nunca andei”, ouve-se dizer um dos muitos miúdos que participaram na caminhada. É o Baltazar, soubemos depois, filho de Isabel Barata, a psicóloga que acompanha o grupo de crianças do Abrigo do Zêzere, localizado em Dornelas, que todos os anos são convidadas a participar na iniciativa.
“É o terceiro ano que venho em contexto de trabalho”, explica. Com o apoio de Célia Marques, da Equipa Educativa, acompanhou 7 dos 8 rapazes que atualmente estão na instituição. “Este é um percurso maravilhoso e, no geral, eles gostaram muito”, garantiu.
A iniciativa proporcionou ainda a todos os participantes a oportunidade de visitar e perceber como funciona a antiga azenha, totalmente recuperada.
Texto e imagens:
Andreia Gonçalves