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Campeonato Europeu de DHI 2018: as Aldeias do Xisto e a Serra da Lousã têm alguns dos melhores trilhos do mundo

Campeonato Europeu de DHI 2018: as Aldeias do Xisto e a Serra da Lousã têm alguns dos melhores trilhos do mundo
natureza ativa
O Campeonato Europeu de DHI decorreu na Lousã, de 6 a 8 de abril, e reforçou a ideia de que naquela serra estão alguns dos melhores trilhos do mundo para a prática de downhill e outros desportos ligados à bicicleta.

Seis. Foi este o número de medalhas de ouro que Portugal arrecadou no Campeonato Europeu de Downhill (DHI) e as vezes que o Hino Nacional soou, no dia 8 de abril de 2018, na Serra da Lousã, onde decorreu a competição. Veja aqui a classificação completa.

Recorde-se que o Campeonato da Europa de DHI, que voltará a acontecer nas Aldeias do Xisto em 2019, é mais um evento integrado no Cyclin’Portugal, que visa promover o território das Aldeias do Xisto como local privilegiado para a prática de todas as vertentes de ciclismo, de competição e de lazer. O projeto resulta de um protocolo entre as Aldeias do Xisto, a Turismo Centro de Portugal e a Federação Portuguesa de Ciclismo e conta com o apoio da Secretaria de Estado do Turismo. Envolve ainda os municípios e agentes económicos, numa estratégia de afirmação e internacionalização do destino como “bike friendly”.
 

Um trilho de emoções fortes

O tempo não foi bom aliado para o público, especialmente no domingo, dia da final. A chuva deu tréguas nas provas da manhã, mas à tarde fez-se sentir de forma acentuada, degradando a pista e condicionando a prova e a performance dos corredores. Também a assistência ficou limitada, sendo o público presente maioritariamente constituído por amigos e familiares dos atletas em competição.

O toldo da loja móvel da Aldeias do Xisto foi pequeno para albergar todos quantos procuraram abrigo. Ali se juntou um grupo de atletas, entre os quais Márcio Ferreira, o novo campeão europeu de Masters 35. Compararam performances, analisaram as condições da pista, anteciparam resultados e trocaram impressões sobre os melhores sítios para comprar peças e fazer a manutenção das bicicletas.

Ainda assim, algumas famílias fizeram questão de assistir de perto a um evento desta dimensão e que reforça a importância da Lousã nas infraestruturas de prática desportiva.

“Como é que eles têm coragem para descer isto?” O Jorge, de 7 anos, coloca em voz alta o pensamento que nos surgiu quando chegámos ao Louzanpark e nos deparámos com a parte final do trilho, saído do coração da Serra da Lousã.

O tom da pergunta e, se assim se pode dizer, do nosso pensamento, é temperado com os mesmos ingredientes: surpresa e admiração. São 2,43 quilómetros de extensão, com inclinação média descendente de 14,3% e pendente máxima de 29%, que vão dos 626 até aos 154 metros de altitude. Um desenho que só pode resultar em emoções fortes.

Jorge é um dos motivos pelos quais Susana Santos está no Louzanpark, juntamente com o marido e o filho. “Os miúdos gostam sempre de ver e pedem para vir”, explica. Além disso, é uma boa iniciativa para a vila e, por isso, juntou os miúdos e rumou ao recinto.

O mesmo entende Miguel Carvalho. Mora a apenas alguns metros do local e não podia deixar de vir. Aplaude a realização deste e de outros eventos na Lousã, pela vida e movimento que trazem. Além disso, é praticante de BTT e está familiarizado com condições meteorológicas menos acolhedoras. Fez-se acompanhar pelo Francisco, o filho de 10 anos, que se assume já um fã de bicicletas. “Fiz uma minipista em casa para poder praticar”, revela-nos. Para já, é a brincar, mas… quem sabe o que o futuro reserva?

Foi precisamente a brincar que Alfredo Mateus se iniciou no hobbie da fotografia, mas agora “já está a ficar sério”. É ainda fã de bicicletas e gosta da Serra da Lousã. O Campeonato Europeu de DHI permitiu-lhe conciliar tudo isto e lá se pôs a caminho para ver e fotografar ciclistas e bicicletas no Louzanpark. As deslocações à Lousã são, de resto, rotina para este fotógrafo amador oriundo do Alentejo, a residir em Coimbra. “A Serra da Lousã tem muito para oferecer”, considera. Tanto que tem até alguns planos para ali levar mais pessoas. “Grupos pequenos”, apressa-se a sublinhar. É defensor de um crescimento turístico sustentado e controlado, por oposição a um turismo de massas que traz alguns inconvenientes, como aconteceu em Barcelona e até mesmo em Lisboa e no Porto. E, claro, contando sempre com as comunidades locais, tal como é apologia das Aldeias do Xisto, cujo trabalho reconhece e aplaude.
 

Lousã: Um dos melhores sítios do mundo para praticar DHI

Tiago Fernandes, Bruno Afonso e Fernando Aires vieram apoiar os colegas de equipa da Associação Desportiva da Aldeia da Ribeira (Santarém) que participaram no Campeonato. Aliás, não fossem as obrigações profissionais ou uma lesão na sequência de um treino, Tiago e Fernando estariam também a competir.

Todos concordam com a ideia de que a Lousã tem condições únicas e excelentes para a prática das várias vertentes do ciclismo. Por isso, é com frequência que escolhem as encostas lousanenses para treinar. Além disso, a paisagem é linda e as pessoas são simpáticas. Segundo, Fernando Aires, é um bom sítio para fazer pazes. “Às vezes, chateamos as nossas mulheres de propósito só para podermos vir aqui fazer as pazes. E andar de bicicleta, claro”, diz em tom de brincadeira, arrancando algumas gargalhadas dos amigos.

O tom passa rapidamente a sério quando nos conta que, durante a Taça de Portugal de Portugal de DHI, que duas semanas antes decorreu também no Louzanpark, teve oportunidade de falar com atletas de vários países. “Os atletas adoram os trilhos e dizem que são dos melhores a nível mundial. Todos me disseram, sem pestanejar, que a Serra da Lousã tem todas as condições para receber uma competição mundial, afiança.

Uma ideia já antes vincada por Pierre e Danger, os speakers de serviço. “A Lousã está de parabéns. É já um spot conhecido a nível mundial para a prática de Downhill, bem como de outros desportos”. Pierre é speaker há 20 anos e é com essa experiência que conta em cada prova. São notórias a energia e a paixão pela modalidade. Assim como a familiaridade que tem com os corredores. “Acompanho alguns dos atletas desde que eram cadetes”, diz. “Criam-se muitos laços e ficamos intimamente ligados à modalidade e às pessoas”, acrescenta. Um exemplo: “A Ana Martins [que, pouco depois desta conversa, se sagrou campeã europeia de Masters 35] foi minha madrinha de casamento há um mês”.
Em todo o caso, nunca é má ideia estar a par dos rankings da modalidade. Danger, que antes de ser speaker foi atleta, concorda.

Para o ano há mais, já que Portugal voltará a organizar este Europeu. A Federação Portuguesa de Ciclismo pondera ainda apresentar uma candidatura para acolher o Campeonato da Europa de Maratona BTT num dos próximos anos.
 

Resultados da prova

As condições climatéricas adversas, com muita chuva, vento forte e frio intenso, colocaram a vitória de Francisco Pardal em destaque. O atleta de Soure sagrou-se campeão da Europa de elite, numa corrida de grande competitividade, disputada por 81 corredores, oriundos de 19 países.

A manhã mal tinha acabado e já A Portuguesa se tinha ouvido por quatro vezes no Louzanpark. Márcio Ferreira (Masters 35), Ana Martins (Masters 35), José Salgueiro (Masters 55) e Rui Portela (Masters 60) subiram ao primeiro lugar do pódio para receberem as medalhas de ouro e serem consagrados campeões europeus de DHI da sua categoria.  

Já na parte da tarde, e antes da exibição dos corredores da categoria elite, nova comemoração: Tiago Ladeira ficou em primeiro nos juniores.

Portugal arrecadou ainda duas medalhas de prata (Rui Cabrita, na categoria Masters 30, e Hélder Padilha, na Masters 35) e uma de bronze (João Estêvão, Masters 50).

Texto: Andreia Gonçalves

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