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António Alberto Martins - "Mina"

António Alberto Martins - "Mina"
pessoas e tradições
O guardião da Torre da Paz

(Benfeita, N: 1927; F: 2012)

Nasceu na Benfeita. Sua mãe chamava-se Guilhermina. Dela herdou o diminutivo do nome: Mina. Aos 12 anos as sombras e fantasmas da guerra passaram a enevoar os dias de todos. Do País. Quando a idade de mancebo se aproximava viu começar a crescer na sua aldeia uma torre que anunciaria a paz. A Torre da Paz passaria a estar presente em todos os dias da sua vida.

O Sino da Paz veio das bandas de Lisboa e foi colocado numa das ventanas da torre. Aguardava em silêncio pelo momento de anunciar e festejar o fim da Grande Guerra.

No dia 7 de Maio de 1945, o Mina andava pela propriedade da Moenda, nas fainas agrícolas que eram o seu quotidiano de moço. Quando se ouviram vindas da Benfeita algumas vozes a gritarem “A guerra acabou!”, desatou a correr para a Torre da Paz e, de mãos na corda do badalo, ajudou o Sino da Paz a cumprir o seu objetivo de anunciar e festejar o fim da guerra.

Dar corda ao relógio

Instalado o relógio na Torre da Paz, a empresa que o fabricou não mais esteve ligada à sua manutenção. Assegurar o funcionamento e tratar das maleitas da maquineta passou a ser função assumida a peito pelo Mina. Passava horas no seu cuidadoso serviço de relojoeiro. Com uma pequena lima, um frasquinho de óleo e um desperdício de pano, limpava e afinava permanentemente o mecanismo.

Quando foi barbeiro, acertava no início do ano com cada cliente o pagamento anual de todas as barbas. Geralmente um alqueire de milho (cerca de 13kg), que recebia pelo São Miguel (29 de setembro). Cada cliente acrescentava o equivalente a mais 1kg de milho ou mais uns tostões, para o apoiar nos seus encargos com a manutenção da complexa engrenagem. “Dar corda ao relógio” não é, neste caso, tarefa fácil: corresponde a um exercício de força de braços que os pesados contra-pesos do mecanismo exigem.

Durante 66 anos, enquanto a saúde lhe permitiu, subiu as escadinhas da torre e em espaço exíguo assumiu de livre vontade e sem compensação alguma, os cuidados com um património que é identidade do coletivo da aldeia. A torre, o sino e o relógio são símbolos que nos levam a sonhar - como ele sonhou - que o lado bom dos homens há-de triunfar, sempre.

Texto: Guia Aldeias do Xisto, Edições Foge Comigo - Guias de Destinos

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