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São as pessoas que fazem e criam os lugares

18 fev 2022
São as pessoas que fazem e criam os lugares
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O papel crucial das pessoas na construção dos lugares, onde a pertença e o encontro se tornam motores de transformação e evolução, foi umas das ideias mais vincadas no seminário “O Território é a Escala”.

Encontro. Pertença. Amizade. Trabalho feito e vontade de fazer mais. Pessoas. De modo global, estas palavras resumem bem o que aconteceu na aldeia de Cunqueiros, concelho de Proença-a-Nova, no dia 12 de fevereiro. Para o seminário “O Território é a Escala”, e como já é costume, a ADXTUR- Agência para o Desenvolvimento Turístico das Aldeias do Xisto, em estreita parceria com o PES- Projeto Entre Serras e a ARCC- Associação Recreativa e Cultural de Cunqueiros, convidou personalidades e entidades de vários quadrantes a refletir sobre o território, as aldeias e as pessoas que nela constroem o seu dia-a-dia ou que têm vontade de o fazer. Um encontro para debater os vários cruzamentos com o território, os olhares e as suas diferentes escalas de intervenção, onde as iniciativas comunitárias de proteção do espaço-aldeia e o olhar questionador de três fotógrafos estiveram em destaque. Veja o vídeo aqui.

Pedro Pedrosa, da Associação de Moradores da Ferraria de São João, Ema Pires, da Comissão de Proprietários da Aldeia da Mó, Tiago Fabião, Compartes dos Baldios da Freguesia de Cortes do Meio, e Luís Rosa, da Comissão de Proprietários da Aldeia de Cunqueiros, partilharam os desafios que enfrentam para implementar projetos como a Zona da Proteção da Aldeia, na Aldeia do Xisto de Ferraria de São João, o Condomínio da Aldeia, na vizinha aldeia da Mó, ou o olival comunitário, em Cortes do Meio. No final das intervenções, há ideias que ganham especial força:  as pessoas são essenciais para que os projetos se concretizem; as aldeias são todas diferentes, mas têm preocupações comuns, por isso, a partilha de informação é fundamental; a intervenção das entidades públicas é crucial para a evolução dos lugares e para garantir, a estes territórios e a estas gentes, o direito ao futuro.

Porque a fotografia e a arte funcionam como gatilhos para novas reflexões e dinâmicas, este foi o momento escolhido para apresentar o resultado da missão confiada a três fotógrafos: partindo da aldeia de Cunqueiros, Duarte Belo seguiu na direção das serras da Lousã e do Açor, João Abreu em direção ao Tejo-Ocreza, enquanto Carlos Casteleira acompanhou o curso do rio Zêzere, documentando o território, a paisagem, as aldeias, as pessoas.

A apropriação dos lugares e a construção da pertença

“Este seminário trouxe-me à ideia o conceito de pertença. A forma como a comunidade se reúne à volta da sua aldeia e o trabalho fotográfico aqui apresentado são questionamentos da forma como nos apropriamos dos lugares e como podemos construir essa pertença”, refere o coordenador da ADXTUR.

“O facto de nos juntarmos aqui e pensarmos território e pensarmos aldeias é uma forma de nos apropriarmos e de o reclamarmos para nós e de dizermos que o espaço são as pessoas que o fazem e a capacitação das pessoas com poder, seja ele comunitário, seja ele mais formal, é absolutamente crucial”, acrescenta Bruno Ramos.

A mesma linha de pensamento é seguida por Carlos Casteleira, do PES. “O espaço só existe a partir do momento em que há uma estrada, em que há um comércio, um artista, uma aldeia que tem as suas práticas. As pessoas, evidentemente, é que são importantes neste processo todo, porque sem as pessoas não há espaço”, defende. Carlos Casteleira explica que este projeto “parte da ideia de fotografar o território, de um ponto de vista menos turístico e mais de pesquisa”, salientando que cada um dos fotógrafos teve a sua própria aproximação. “É importante cruzar olhares, porque o território é complexo e é impossível ter uma ideia global. E é importante que essa aproximação seja feita por todo o tipo de olhares, não só de fotógrafos, mas também de geógrafos, antropólogos, artistas”, refere. Sendo esta abordagem uma espécie de “inquérito ao território”, Carlos Casteleira entende que, levando algum tempo, “a arte é indispensável e acaba por trabalhar os alicerces de algumas mudanças”.

“Quem dá vida ao território são as pessoas”, começou por dizer o presidente da Câmara Municipal de Proença-a-Nova, defendendo que “os territórios têm de ser atrativos e criar condições para a fixação de pessoas”. O autarca destacou ainda que o Plano de Recuperação e Resiliência é “uma oportunidade” que a região não pode deixar passar e sublinha a necessidade de um pensamento conjunto. “Se nos juntarmos, temos outra capacidade de influenciarmos”, conclui.

Para Nuno Caldeira, da ARCC, estas iniciativas são “muito importantes”, na medida em que captam “algo de diferente” para a aldeia. “A atividade aqui passa muito pelos afazeres do campo, mas coisas diferentes também despertam a atenção das pessoas e preenchem o dia-a-dia”, considera. Por isso, um dos objetivos da Associação passa mesmo pela dinamização da aldeia, através, por exemplo, da realização de eventos. Uma das principais missões é também “ser a voz da aldeia perante o poder local, passando as preocupações e os desejos da comunidade” e garantir que há cada vez mais e melhores condições para todos quantos querem fazer de Cunqueiros a sua casa de todos os dias. “O grande objetivo é conseguir arranjar forma de vir viver para cá permanente. É um desejo transversal a todos nós”, garante. Para isso, é também importante que “os fundos comunitários sejam visíveis no terreno e não só nos folhetos”.   

O projeto “Experimenta Paisagem”, onde se inclui a Magma Cellar, uma obra de arte permanentemente disponível no centro da aldeia, e a apresentação da marca Cunqueiros, desenvolvida pela MAG – Marques de Aguiar, fecharam este que foi um dia de trabalho, convívio e partilha, onde não faltou um passeio pela aldeia e uma visita ao lagar. 

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