Depois da estreia na Região Norte, em novembro passado, a “Observação da Terra para os Municípios”, uma iniciativa da Agência Espacial Portuguesa centrada na utilização de dados de satélites, chegou agora à Região Centro. O Município de Pampilhosa da Serra foi o cenário que, a 7 de fevereiro, acolheu mais um dia de discussão, debate e apresentação de casos práticos.
Para o presidente da Agência Espacial Portuguesa, esta iniciativa “é um roteiro que nos leva pelo País”, permitindo “olhar por outra perspetiva para o que é o território”, do mesmo modo que pretende “ligar o território às pessoas”. Desta forma, acrescenta Ricardo Conde, aponta-se o foco para “a inovação, o conhecimento, mas também para discussão sobre o que o País pode fazer com a informação de satélite e das ciências do espaço” e de que forma a tecnologia pode ajudar a resolver problemas concretos no terreno.
Este é mais um evento enquadrado na estratégia que tem vindo a ser desenvolvida entre as Aldeias do Xisto e a Câmara Municipal de Pampilhosa da Serra para promover o céu escuro nas suas diversas facetas. Esta aposta que concilia o desenvolvimento turístico, a integração com o sistema científico e tecnológico, a sustentabilidade social e ambiental, a capacitação das pessoas e o estímulo à economia foi já reconhecida pela Fundação Starlight que certificou este território como Destino Turístico Starlight.
“Esta iniciativa coloca em evidência a importância dos dados de satélite na nossa sociedade”, considera o vice-presidente da Comunidade Intermunicipal da Região de Coimbra (CIM-RC). Luís Paulo Costa lembra que “os dados de satélite oferecem uma visão abrangente e em tempo real do território que permitem uma melhor tomada de decisão, especialmente em situações de crise, como é o caso dos incêndios florestais”. Por isso, “é importante que todos os municípios tenham acesso a estes dados”.
“Condições de excelência para o trabalho científico”
O presidente da Câmara Municipal de Pampilhosa da Serra, Jorge Custódio, aproveitou a ocasião para recordar o histórico de relações entre o Município e as ciências espaciais, relembrando que foi “abordado pela primeira vez em 2007, pela Universidade de Aveiro e pelo Instituto de Telecomunicações”, que escolheram este território devido às suas “condições de excelência para o trabalho científico”.
Na sequência deste trabalho, surgiu o PASO – Pampilhosa da Serra Space Observatory, um observatório espacial dedicado à exploração do espaço próximo da Terra e observação do universo profundo, inaugurado em 2011, com a instalação do primeiro equipamento, a Estação Radioastronómica de Porto da Balsa.
Segundo o autarca, o PASO “é uma das principais infraestruturas de investigação científica em Portugal dedicadas ao espaço”, estando, atualmente, “equipada com telescópios de grande campo, um exclusivo do Ministério da Defesa Nacional e outro em parceria com o Instituto de Telecomunicações e a Universidade de Coimbra, um radiotelescópio de 5 metros de diâmetro dedicado à observação da emissão radio do hidrogénio neutro da nossa galáxia, e de um radar espacial, instalado em parceria entre o Ministério da Defesa Nacional e o Instituto de Telecomunicações”.
Jorge Custódio reforçou ainda que “esta infraestrutura contribui com dados para profissionais de mais de 177 entidades académicas, governamentais e industriais de todo o mundo, e constitui um recurso valioso para o país e para o mundo”, assumindo claramente que “a Pampilhosa da Serra quer estar na linha da frente deste setor”.
Entre os muitos temas abordados, a sessão incluiu apresentações sobre as oportunidades de financiamento para as áreas das tecnologias da informação e do espaço, período que contou com a participação de Jorge Brandão, vogal da comissão diretiva do Programa Operacional Regional CENTRO 2030, que apresentou as linhas estratégicas do programa regional e da sua especialização inteligente, com foco nas áreas em discussão.
Esta iniciativa contou com o apoio da CIM-RC, do Centro de Competências para a Informação Geoespacial e da Câmara Municipal de Pampilhosa da Serra.
As sessões “Observação da Terra para os Municípios” seguem agora para as restantes regiões portuguesas: Lisboa e Vale do Tejo e Alentejo, Algarve, Região Autónoma dos Açores e Região Autónoma da Madeira.