ALDEIAS

Candal

serra da lousã
Serra da LousãCandal
Candal
candal, lousã
Aninhada na serra. Mais do que um ponto de apoio, é um reconfortante porto de abrigo para quem sobe ou desce a serra.

Na bacia hidrográfica da Ribeira de S. João encaixa, entre outros, este anfiteatro onde se alojou o Candal e a sua ribeira, aninhado na Serra da Lousã, numa colina voltada a Sul. Estrategicamente colocada junto à Estrada Nacional, que liga Lousã a Castanheira de Pera, esta aldeia está habituada a receber visitantes. A subida até ao miradouro, pelas ruas inclinadas, é recompensada com uma belíssima vista sobre o vale se apresenta, por onde serpenteia a Ribeira do Candal. No regresso, a Loja Aldeias do Xisto aguarda-os para um momento de descanso.

Beneficiando da acessibilidade privilegiada que lhe proporciona a Estrada Nacional, Candal é muitas vezes considerada a mais desenvolvida das aldeias serranas e uma das mais visitadas. Aos seus habitantes de sempre é comum juntarem-se ocupantes de férias e fins-de-semana que aqui acorrem em busca de ar puro e boa companhia.

  • território

    Candal fica a 10 km da Lousã. A aldeia localiza-se na vertente ocidental da Serra da Lousã, quase ao fundo de uma ampla concha formada pelas encostas que começam na principal linha de cumeadas da serra. A bacia hidrográfica da Ribeira de São João encaixa, entre outros, este anfiteatro onde se alojou o Candal e a sua ribeira. A maioria das construções da aldeia dispõe-se na encosta exposta a nascente. Outras dispõem-se ao longo das outras encostas, todas convergindo para um mesmo ponto onde também se encontram as linhas de água. Aqui a aldeia confronta com a estrada, aqui se desenvolvendo em banda no seu lado montante.

    É atravessada pela EN236, facto que serviu para lhe traçar outros caminhos de existência, dado que esta via a liga à Lousã ao ponto mais elevado da Serra (Trevim, 1204m) e a Castanheira de Pera.

  • natureza

    O Candal está incluído no Sítio de Importância Comunitária Serra da Lousã - Rede Natura 2000. A sua envolvente natural é dominada por pinhais e eucaliptais, mas ainda subsistem espécies e bons núcleos de vegetação correspondentes ao antigo coberto vegetal. Sobreiros e castanheiros crescem próximo das habitações, espécies arbóreas permitidas pelas antigas gentes da Serra, valorizadas pela sua cortiça, madeira e frutos, e azereiros e azevinhos refugiam-se em alguns troços das linhas de água próximas da aldeia. Podemos encontrar veados na envolvente da aldeia ou ouvi-los distintamente durante a época da brama.

    Por aqui passam as águas que as nuvens precipitaram nas cotas mais elevadas da serra. O xisto pouca capacidade tem para as segurar e, por isso, correm apressadas, encosta abaixo, com vontade de serem rio. Aqui são a Ribeira do Candal. Mais abaixo, pelas terras baixa da Lousã, já serão rio Arouce, depois serão Ceira, passando a Mondego, de onde passam, finalmente, a oceano.

  • história e estórias

    Em termos gerais, a história desta aldeia é comum às histórias das restantes Aldeias do Xisto do concelho da Lousã. A fixação da população nas aldeias da Serra da Lousã terá ocorrido a partir da segunda metade do século XVII ou pelo início do século XVIII. Até então, a ocupação seria apenas sazonal, na primavera e verão, nomeadamente com atividades pastoris. O certo é que o Candal é um exemplo típico de apropriação do território pelo homem. Numa clara tentativa de adaptação às irregularidades do terreno, a disposição das edificações seguiu um método lógico tendo em vista o assegurar das exposições solares e facilitar das acessibilidades.

    No “Cadastro da população do reino (1527)“ nenhuma destas aldeias é referida no termo da Lousã. Os documentos mais antigos que indiciam a sua ocupação são uma multa infligida pela Câmara da Lousã em 1679 e o registo de propriedades foreiras ordenado por D. Pedro II, de 1687. No início do século XIX apenas o Candal e a Cerdeira escaparam ao saque do exército napoleónico. Em 1885 a população das sete aldeias (as cinco Aldeias do Xisto, mais Catarredor e Vaqueirinho) corresponderia a 8,7% do total da freguesia da Lousã (5340 habitantes).

    No que diz respeito ao Candal, em 1911 viviam na aldeia 129 pessoas. Na década de 1920, inicia-se a emigração para os EUA, mas, mesmo assim, em 1940 a aldeia atingiu o máximo de 201 habitantes. Por esta altura, a aldeia contava com dois rebanhos de cabras e ovelhas, num total de 1200 cabeças. Pastorícia, fabrico de carvão e uma agricultura de subsistência seriam as atividades da população. Seguiram-se as ocupações como plantadores aquando da florestação da serra e como cantoneiros da estrada que a atravessa.

    Logo acima é a aldeia do Candal, na típica pobreza, escura, dos pequenos povoados da serra - duas dezenas de choupanas feitas de lascas soltas de xisto. (…) Os moradores são pastores, carvoeiros, plantadores dos Serviços Florestais, cantoneiros da estrada, e principalmente agricultores das estreitas leiras amanhadas sobre socalcos, à força de teimosia, em que espetam meia dúzia de couves ou semeiam dois punhados de centeio, e que muitas vezes desaparecem numa noite de enxurrada.”
    Silva Teles in “Guia de Portugal - Beira Litoral, Beira Baixa, Beira Alta” (1944)

    Nas décadas de 1950 e 1960, muitos candalenses partem para o Brasil. Em 1958, a aldeia festejou a chegada da primeira telefonia a pilhas. Os censos de 1960 já indiciam um acentuado decréscimo da população das aldeias, que passa a representar apenas 4,2% da do total da freguesia da Lousã (8191 habitantes). E em 1970 já só representavam 2,5%.

    A eletricidade só chegaria ao Candal na década de 70. Tal como o telefone.

    Em 1976, começaram a ser adquiridas as primeiras habitações para recuperação e para funcionarem como segunda residência. E, em 1991, a aldeia já só possuía 15 habitantes.

    A origem do nome
    O nome Candal poderá estar associado à arte de trabalhar a pedra. Os canteiros – os homens que trabalham a pedra – e os pedreiros – que com elas erguem muros e casas -, cantavam enquanto desenvolviam o seu trabalho. “Cantar a pedra” poderá ter evoluído para “candar” e depois para Candal, o local onde se canta a pedra.

  • património

    A malha urbana é irregular e complexa. A aldeia desenvolve-se em encostas que se confrontam e sobre as quais o casario se desenvolve como que em anfiteatro. O único elemento estruturante é a EN236 que a bordeja na parte inferior. O material de construção predominante é o xisto, com fachadas sem reboco, evidenciando um aparelho tosco. A banda de casas junto à estrada evidencia sinais exteriores de maior modernidade, com fachadas rebocadas e pintadas de cores garridas, mas que respeitam o traço e a volumetria dominante na aldeia.

    As habitações e os edifícios que albergavam o gado doméstico são as construções mais significativas.  Mas, nesta aldeia, é o aspeto do conjunto arquitetónico que a torna verdadeiramente singular, com os contornos pouco uniformes dos edifícios e as construções justapostas ou mesmo sobrepostas a contribuírem para uma paisagem de rica diversidade.

    Além dos edifícios habitacionais e dos edifícios que albergavam o gado doméstico, o Candal não possui significativas construções. Mas as que existem têm a sua história e importância.

    Merecem destaque:

    • Antiga Escola Primária
      Construída na década de 1920 graças às remessas de divisas enviadas pelos candelenses que tinham emigrado para os EUA.
    • Chafariz do Candal
      Implantado na berma da EN236 e datado de 1941, tem poema que o enobrece:
      O Chafariz do Candal
      Tem duas pedras de assento
      Uma é para namorar
      Outra para passar o tempo
    • Alminha
      É a única construção religiosa que existe na aldeia. Encontra-se  no largo da aldeia e foi mandada construir por uma família de candelenses como pagamento de uma promessa.
    • Moinhos
      Cinco moinhos hidráulicos, construídos na década de 1920, ao longo da margem direita da Ribeira de Candal, aproveitavam a força da água para acionar o mecanismo que moía os grãos de cereal produzidos nas pequenas leiras da aldeia.
    • Lagar de azeite
      Também aproveitando as águas da Ribeira do Candal, foi aqui  construído um lagar de azeite (1919). Recentemente foi alvo de intervenção de recuperação, estando o seu mecanismo operacional.
    • Lavadouro
  • festividades
    • Março: Festa da Primavera
    • Julho: Encontro dos povos serranos (Santo António da Neve)
    • Último Sábado de Agosto:  Festa de Nossa Senhora das Preces - Festa da aldeia
    • Agosto: Noites na Eira (cinema)
    • Setembro: Festa da Música (3.ª edição em 2013)
    • Dezembro: Natal no Candal
  • produtos
    • Hortícolas
    • Fruta da época
    • Castanha
  • como chegar

    De Norte e Sul
    Na A1 sair em Coimbra. Tome a N17 (Estrada da Beira) e saia na N342, no sentido da Lousã. Chegando à Lousã, seguir pela N236 no sentido de Castanheira de Pera até chegar ao Candal.

  • nome dos habitantes
    candalenses
  • padroeiro
    nossa senhora das preces
  • ex libris
    miradouro sobre o casario

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