Em termos gerais, a história desta aldeia é comum às histórias das restantes Aldeias do Xisto do concelho da Lousã. A fixação da população nas aldeias da Serra da Lousã terá ocorrido a partir da segunda metade do século XVII ou pelo início do século XVIII. Até então, a ocupação seria apenas sazonal, na primavera e verão, nomeadamente com atividades pastoris. O certo é que o Candal é um exemplo típico de apropriação do território pelo homem. Numa clara tentativa de adaptação às irregularidades do terreno, a disposição das edificações seguiu um método lógico tendo em vista o assegurar das exposições solares e facilitar das acessibilidades.
No “Cadastro da população do reino (1527)“ nenhuma destas aldeias é referida no termo da Lousã. Os documentos mais antigos que indiciam a sua ocupação são uma multa infligida pela Câmara da Lousã em 1679 e o registo de propriedades foreiras ordenado por D. Pedro II, de 1687. No início do século XIX apenas o Candal e a Cerdeira escaparam ao saque do exército napoleónico. Em 1885 a população das sete aldeias (as cinco Aldeias do Xisto, mais Catarredor e Vaqueirinho) corresponderia a 8,7% do total da freguesia da Lousã (5340 habitantes).
No que diz respeito ao Candal, em 1911 viviam na aldeia 129 pessoas. Na década de 1920, inicia-se a emigração para os EUA, mas, mesmo assim, em 1940 a aldeia atingiu o máximo de 201 habitantes. Por esta altura, a aldeia contava com dois rebanhos de cabras e ovelhas, num total de 1200 cabeças. Pastorícia, fabrico de carvão e uma agricultura de subsistência seriam as atividades da população. Seguiram-se as ocupações como plantadores aquando da florestação da serra e como cantoneiros da estrada que a atravessa.
Logo acima é a aldeia do Candal, na típica pobreza, escura, dos pequenos povoados da serra - duas dezenas de choupanas feitas de lascas soltas de xisto. (…) Os moradores são pastores, carvoeiros, plantadores dos Serviços Florestais, cantoneiros da estrada, e principalmente agricultores das estreitas leiras amanhadas sobre socalcos, à força de teimosia, em que espetam meia dúzia de couves ou semeiam dois punhados de centeio, e que muitas vezes desaparecem numa noite de enxurrada.”
Silva Teles in “Guia de Portugal - Beira Litoral, Beira Baixa, Beira Alta” (1944)
Nas décadas de 1950 e 1960, muitos candalenses partem para o Brasil. Em 1958, a aldeia festejou a chegada da primeira telefonia a pilhas. Os censos de 1960 já indiciam um acentuado decréscimo da população das aldeias, que passa a representar apenas 4,2% da do total da freguesia da Lousã (8191 habitantes). E em 1970 já só representavam 2,5%.
A eletricidade só chegaria ao Candal na década de 70. Tal como o telefone.
Em 1976, começaram a ser adquiridas as primeiras habitações para recuperação e para funcionarem como segunda residência. E, em 1991, a aldeia já só possuía 15 habitantes.
A origem do nome
O nome Candal poderá estar associado à arte de trabalhar a pedra. Os canteiros – os homens que trabalham a pedra – e os pedreiros – que com elas erguem muros e casas -, cantavam enquanto desenvolviam o seu trabalho. “Cantar a pedra” poderá ter evoluído para “candar” e depois para Candal, o local onde se canta a pedra.