O conjunto das construções, sendo pequeno, tem uma malha urbana complexa, em virtude das relações familiares e comunitárias que se estabeleceram entre os diversos proprietários. As construções, apenas de nível térreo, organizaram-se num arranjo defensivo contra as intempéries meteorológicas, os intrusos e os animais selvagens (lobos), permitindo comunicação e circulação entre os diferentes espaços, mas mantendo a privacidade de cada família. Encontramos semelhante organização no núcleo primitivo da Aldeia do Xisto de Figueira (Proença-a-Nova).
Cada cozinha tinha um esconderijo, entre a cozinha e os currais, que servia para esconder alimentos considerados excedentes pelos fiscais do Estado Novo, que vinham às aldeias do interior confiscar os seus mantimentos. Cada casa tinha uma gateira, um buraco na parede para a passagem dos gatos. Estes animais eram muito estimados, pois serviam para liquidar os roedores que se alimentavam de cereais e, dentro dos armários, do vestuário das pessoas. Havia também, em cada cozinha, um caniço, estrutura localizada acima da lareira/fogão que servia para fumar as castanhas no Outono, conservando-as durante o Inverno.
À medida que nos afastamos da aldeia, podemos ver os terrenos praticamente sem vegetação. Só aqui é possível ver isto. São terrenos de pastagem que são no Verão queimados para rebentar vegetação nova. Há algumas décadas, a Serra estava toda assim e os aldeões tinham que caminhar muito para conseguir arranjar lenha.
O material de construção predominante é o xisto, acompanhado por escassos elementos de quartzito. Esta pequena aldeia forma um conjunto que também integra - numa relação de proximidade e de funcionalidade - as outras três Aldeias do Xisto do concelho de Góis: Aigra Nova, Pena e Comareira.
A aldeia apenas é dotada dos equipamentos mínimos, alguns no espaço público, outros privados.
Merecem destaque:
- Forno e alambique da Família Claro
Equipamentos particulares, pertencentes à família Claro, utilizados para a confecção de produtos (pão e aguardente de mel) de consumo próprio. Ambos os equipamentos foram restaurados ao abrigo do Projecto ECO-ARQ. - Tanque
Aqui armazena-se a prevenção contra um eventual incêndio. - Fonte
No início da Quelha da Bica uma fonte canta, permanentemente, notas de água fresca que flui para o encontro, lá em baixo no fundo vale, com a Ribeira de Pena.