ALDEIAS

Vila Cova de Alva

serra do açor
Serra do AçorVila Cova de Alva
Vila Cova de Alva
vila cova de alva, arganil
Aldeia do Xisto com passado histórico. Uma rua onde parte significativa das portas e janelas apresentam nas suas molduras elementos manuelinos, transporta-nos ao até à arquitectura do séc. XVI.

Nobre aldeia, de dignidade exemplar, marcada pela dimensão dos seus edifícios e espaços públicos. O rio Alva, que corre ao fundo, resplandece de limpidez e frescura. Em redor habitam os montes que envolvem e resguardam Vila Cova de Alva, convidando a um passeio nas brandas sombras da sua luxuriante vegetação.

É a Aldeia do Xisto que possui o maior conjunto monumental, nomeadamente por nela uma ordem religiosa ter estabelecido um convento.

Caminhe ou descanse pelos espaços públicos da aldeia, casos do Largo da Igreja Matriz e do Pelourinho, onde coabitam dois solares do século XVII. Descubra os muitos monumentos religiosos e civis, como o Solar dos Condes da Guarda, o edifício dos Osórios Cabrais ou ainda a Rua Quinhentista.

Mas há ainda o rio Alva que, com a sua praia fluvial, é uma refrescante tentação nos dias quentes.

IMPLANTAÇÃO
Vila Cova de Alva é uma aldeia de apreciável dimensão, com muitas novas construções na envolvente ao núcleo central. A via que passava pela muito antiga Igreja de S. João de Alqueidão e que se dirigia ao ponto de atravessamento do Alva, estruturou a malha urbana da aldeia. A passagem da EN342 alterou essa estruturação, que se passou a estabelecer nas bermas desta via, aliviando o núcleo antigo de modernas intervenções.

O material de construção predominante é o xisto, recorrendo-se ao granito para os elementos nobres das construções, nomeadamente os vãos - ombreiras, padieiras, soleiras das portas e peitoris das janelas. A quase totalidade das fachadas encontra-se rebocada e pintada de branco. Nos seus meandros uma rua quase exclusivamente composta por portas e janelas manuelinas transporta-nos ao século XVI.

  • território

    A aldeia está implantada na margem esquerda do Rio Alva, onde terminam as abas da vertente norte da Serra do Açor, e é atravessada pela EN342, que a liga a Arganil e a Avô. As suas gentes souberam proteger os férteis terrenos agrícolas das zonas mais baixas, desenvolvendo-se a povoação ao longo da elevação que culmina no local da Igreja Matriz.

  • natureza

    Zona de montanha densamente florestada, de relevo bastante acidentado, integra o bloco montanhoso mais importante de Portugal: a Cordilheira Central.

    No interior da cerca conventual existia um Teixo (Taxus baccata) secular. Deixou no local alguns descentes.  A Zelha (Acer monspessulanus), uma espécie arbórea pouco comum, ocorre com abundância na margem esquerda do rio Alva, junto à aldeia.

    O Alva é rio que começa a recolha das suas águas nos cumes das encostas da serra da Estrela orientadas a sudoeste. Num troço do seu curso, faz de fronteira entre as serras do Açor e da Estrela. Aumenta quando encaixa o caudal do rio Alvoco, na Ponte das Três Entradas. Depois das suas águas servirem para muitos mergulhos pelas praias fluviais que vai banhando, acalmam-se na albufeira da Barragem das Fronhas, antes de encontrarem o Mondego um pouco a montante de Penacova, onde acaba um percurso de 106 km.

  • história e estórias

    Vila Cova de Alva é povoação de origem remota, à qual foi concedida carta de foral pelo Bispo de Coimbra, D. Estevão Annes Brochardo (bispado: 1304-1318). Os bispos de Coimbra são tidos como donatários da região desde o reinado de D. Sancho I. Este foral é confirmado, em 1471, pelo Bispo de Coimbra D. João Galvão e primeiro Bispo-Conde de Arganil. Terá recebido renovação de foral em 1514, por D. Manuel I.
    No “Cadastro da população do Reino (1527)” consta no termo da vila de Coja a existência da então denominada Villa Cova onde viviam 89 moradores. O foral foi renovado, em 1540, pelo rei D. João III.  Nos séculos XVI e XVII, estiveram aqui radicados importantes ramos das famílias Abranches e Figueiredo. Em 1708, era denominada Vila Cova de Sub-Avô e ainda pertencia ao Bispo de Coimbra. O concelho foi extinto em 1836.

    Quanto à origem do nome, numa das versões do PORTUGALLIAE de Fernando Alvaro Seco, datado de 1600 - tido como uma das primeiras representações cartográficas da totalidade do território continental português - encontramos “Vª COVA” na localização da atual povoação, nome que terá evoluído para Vila Cova de Sub-Avô, com o significado de, seguindo o curso do rio Alva, estar depois de Avô. Esta designação subsistiu até 1924, data a partir da qual passou a designar-se por Vila Cova de Alva. Também foi designada Vila Cova dos Frades, nome derivado do convento existente.

    O mecenas do convento
    De acordo com a lápide tumular no transepto da igreja do convento, Luís da Costa Faria doou todos os terrenos, 40$000 réis para a alimentação da comunidade que construiu o imóvel, várias casas na vila e três mil cruzados de dinheiro a juro, em troca de sepultura no lado da Epístola, junto à Capela de Nª Srª da Conceição, cuja imagem também mandou executar numa oficina do Porto. Entrou para o convento em data incerta e aí veio a falecer, no dia 19 de abril de 1730.

    O Convento e a terceira invasão francesa
    Numa relação pormenorizada efetuada pelo Padre Manuel Lopes Graça sobre os efeitos da passagem das tropas francesas em 1811, é referido que estas atacaram barbaramente o convento, em particular a sacristia, estragando os arcazes e respetivas gavetas, queimando a roupa branca e ornamentos, roubando o Santo Lenho e várias relíquias, profanando os altares da igreja e rasgando o psaltério e o antifonário. A imagem do Senhor dos Passos foi profanada, tendo-lhe sido arrancado um braço. O órgão ficou afetado pela remoção de alguns tubos.

    Convento construído com madeira da Mata da Margaraça
    Em 1713, o Bispo de Coimbra, António de Vasconcelos e Sousa, efetua doação de vários bens para a construção do convento, nomeadamente madeira da Mata da Margaraça (atualmente incluída na Paisagem Protegida da Serra do Açor), que na altura lhe pertencia.

    O arquiteto do convento
    Será de João Coelho Coluna - um frade ou leigo natural de Alvito - a autoria do projeto do convento.  A pedra tumular da sua sepultura na galilé da igreja do Mosteiro possui a data 1756.

    Uma aldeia com romance
    “Vale de Crugens”, de 1958, da autoria de Mário Braga, não é mais do que Vila Cova do Alva. Mais novela que romance, acompanha o personagem Maria da Natividade, nome que é o mesmo da padroeira da aldeia. Fala-nos da "casa do convento vasta e com um torreão em bico em cada canto", "antigo mosteiro de frades", do negro poço da Fraga no rio, dum Zé dos Peixes, dos músicos a ensaiar na Casa do Povo; das notícias da cheia que vêm de Avô e em Pomares a força da corrente "arrastara um ror de Oliveiras", o mesmo acontecendo nas freguesias de Arganil; fala-nos que os homens vão para Lisboa procurando "uma vida mais limpa", partindo com a vontade de voltar para montar um negócio na terra, mas que, realmente só regressam carregados de saudade.
    (adaptado de www.miradourodevilacova.com)

    A Confraria do Bucho (Arganil)
    A criação e existência desta confraria - que desde 2006 promove o produto - tem muito a ver com as características distintas e com a fama da qualidade do bucho produzido em Vila Cova do Alva.

  • património

    Vila Cova de Alva tem um património religioso assinalável. A construção do Convento de Santo António, no início do século XVIII, exerceu benéfica influência religiosa em toda a freguesia.

    Ainda merecem destaque:

    • Igreja Matriz
    • Igreja do antigo Convento de Santo António
    • Igreja da Misericórdia
    • Solar Abreu Mesquita
    • Solar dos Condes da Guarda
    • Rua Quinhentista
    • Ermida de São João de Alqueidão
    • Pelourinho
    • Pedra de armas quinhentista
      Pedra de armas (Castelo Branco, Britos, Costas e Castros) e pedra gravada com a data 1536, implantada na frontaria de um edifício actualmente descaracterizado.
    • Casa da Praça (ou Edifício dos Osório Cabral)
      Construído no início do século XVII, foi a antiga Casa da Câmara, Tribunal e Cadeia. Janelas de sacada com verga cornijada e guardas em ferros da época. 
    • Capela de Nossa Senhora da Assunção
      Portal com arco de volta perfeita, sobre o qual se sobrepõem um corpo com a pedra de armas (em calcário   - Figueiredo, Fernandes e Melos - sobre a inscrição da data 1629, tendo como timbre um leão com uma folha de figueira na boca) e um frontão com duas volutas que ladeiam uma cruz. Acima do beirado, sineirita com sino. Um óculo quadrado no lado da Epístola e outro redondo no lado direito.
    • Fonte de Santa Teresa
      Fonte de mergulho, em granito, com nicho no frontão. Exibe a inscrição “E.1878”.
    • Fonte da Praça
      Fontanário com água canalizada.
    • Fonte de São Sebastião
      Fonte profusamente decorada com azulejos.
    • Alminha
      Instalada sobre a guarda da ponte, datada de 1790, com painel de azulejos de 1952.
    • Alminha
      Junto à Ermida de S. João de Alqueidão
  • produtos
    • Hortícolas
    • Uvas e vinho
    • Azeitona e azeite
    • Cabrito
    • Borrego
    • Queijo de ovelha, queijo de mistura (ovelha e cabra)
    • Bucho
  • como chegar

    De Norte e de Sul
    Na A1 sair na saída 13 (Coimbra) e seguir pelo IP3 até à saída 13 (Arganil). Tomar o IC7 e depois seguir pela N17. O concelho de Arganil é servido pelo IP3, o IC8 e duas estradas nacionais, a EN17 (Estrada da Beira) sentido Este-Oeste, e EN342 sentido Sudoeste-Nordeste.

    De Espanha
    Entrando por Vilar Formoso, tomar a A25/E80 na direcção Aveiro, até à saída 20 (Mangualde). Na rotunda sair na primeira à direita e continuar pela N234. Após Nelas entrar no IC12, sair na saída 1 (Tábua). Virar à esquerda, tomar a N234-6. Passar Tábua e seguir a N337. Na EN17 encontrará placas. Dirija-se à localidade de Ponte das três Entradas.

  • nome dos habitantes
    vilacovenses
  • padroeiro
    nossa senhora da natividade
  • ex libris
    igreja do convento de santo antónio

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