1 – DESIGN ARTESANAL OU CRAFT+DESIGN
2 – MERCANTILIZAÇÃO DA CULTURA 
3 – DESIGN E RESPONSABILIDADE SOCIAL.
4 – O PROJETO ALDEIAS DO XISTO – VISÃO
5 – METODOLOGIA PROJETUAL - O PROCESSO DO DESIGN
6 – 2013 - PROJETO I – ÁGUA MUSA – CRAFT+DESIGN+NATUREZA
7 – 2014 - PROJETO II - L4CRAFT - LIGAÇÃO COM O TERRITÓRIO 
8 – 2015 - PROJETO III - AGRICULTURA LUSITANA – REPRESENTAÇÃO NACIONAL
9 – NÃO VALE A PENA TAPAR O SOL COM UMA PENEIRA.

No princípio foi o DESIGN87. Agora, são as Aldeias do Xisto. Foi na década de 80 que o conceito DESIGN ARTESANAL se apresentou pela primeira vez à cultura nacional. Para algumas “cabeças iluminadas” de então, a ligação do craft e do design levantava demasiadas dúvidas. Entretanto essa ligação foi crescendo por esse mundo fora... gerando economia e cultura. Em 2012, um quarto de século depois, do interior de Portugal, bem lá do fundo, surgiu a visão da gestão da ADXTUR. Juntos criámos a trilogia Água Musa – L4Craft – Agricultura Lusitana, que provou hoje, tal como então, que o design é um conceito que integra para depois alargar fronteiras. E que aliado à identidade se torna noutra coisa: uma força transformadora.

1 – DESIGN ARTESANAL OU CRAFT+DESIGN

Em 1987, na sequência das feiras de artesanato que intercalavam as Bienais de Arte de Vila Nova de Cerveira, desenvolveu-se um projeto à escala nacional: DESIGN87 – DESIGN ARTESANAL, PROPÓSITOS PARA UMA INOVAÇÃO. Dali resultou a ligação do saber fazer artesanal ao design, para renovar as formas artesanais recorrendo à metodologia projetual.
O concurso lançado “tinha como tema a criação de novos artefactos cujas raízes vão mergulhar no artesanato tradicional português.” Foi a primeira intervenção do género em Portugal.¹
Nesta altura as influências vinham do norte onde já se tinham estabelecido ligações entre artífices e designers. Na Finlândia Alvaar Alto já tinha incorporado no projeto as potencialidades e os conhecimentos na dobragem de madeira dos artesãos finlandeses, para lhes dar um desenho contemporâneo. Na Irlanda publicava-se o catálogo ‘Kilkenny Design: Twenty-one years of design in Ireland 1985’. A sul Bruno Munari escrevia: “todos os países são excelentes em alguma coisa e iguais aos outros em tudo o mais. Ao estudar o aspecto característico de um povo devemos procurar nele a sua melhor faceta, se desejarmos realmente compreender alguma coisa. As coisas mal feitas são-no em todo o mundo. Só o melhor tem características próprias.”² Esta afirmação constituiu-se numa espécie de guia para o Design’87, que pretendia recuperar formas artesanais com metodologia projetual, desenhar novos artefactos de raiz tradicional portuguesa tendo como base a tecnologia cerâmica, pelo que precisávamos de perceber o que fomos e o que éramos na cerâmica tradicional.

A exposição “Olaria Portuguesa Decorada” fundamentou uma introdução histórica e cultural à exposição Design Artesanal 87. José Rodrigues convidou Ernesto Veiga de Oliveira e Benjamim Pereira para realizar esta exposição, que remeteram para um outro patamar de conhecimento e cultura o projeto: “Na moderna cerâmica, produto do design artesanal, tal como se apresenta nesta exposição da Arca, a própria funcionalidade da peça confunde-se com a sua lei estética; e embora aqui seja a invenção pessoal que está na origem da criação plástica, a lição do passado não deve ser esquecida: o que nesta exposição se pretendeu acima de tudo comunicar é que o design artesanal não surge do nada, como uma revelação inédita, mas prolonga sob novas coordenadas, uma linha cujas raízes se encontram na olaria popular tradicional. Foi de resto o sentido do prémio que se atribuiu ao artesão Arlindo Fagundes, que foi quem mais cabalmente realizou essa fusão da tradição e da invenção – da transformação do sentido funcional em pura forma que vive por si.”

Olhando para trás 28 anos e para o que escrevi em parceria com o designer Mário Vaz tudo me parece atual, sem tempo. Foi de resto o sentido do prémio que se atribuiu ao artesão Arlindo Fagundes: “A peça de Arlindo Fagundes recupera formas artesanais servindo-se de uma metodologia projetual; pode dizer-se que ela se situa exatamente na passagem exígua entre o artesanato e o design.”³

2 – MERCANTILIZAÇÃO E DESINTEGRAÇÃO DA CULTURA 

A produção em massa de tralha imprestável está a acontecer em todos os domínios. Somos diariamente invadidos por uma oferta escandalosa de bens sem valor, ou significado, cuja vida expectável é muitas vezes de minutos, coordenada pelo tempo do desembrulho > uso instantâneo > morte definitiva do produto, sem o mínimo respeito pela construção de um mundo sustentável ou de relacionamento com a nossa identidade colectiva.
É aqui que, numa nova relação, craft + design se encontram para gerar novos projetos e produtos. Perspectivar o desenvolvimento no Séc. XXI, como se estivéssemos na era do desenvolvimento industrial, fazendo migrar as pessoas sem atividade do campo agrícola para unidades fabris condenadas a prazo pela robotização e globalização da terceira vaga, é à partida antecipar a morte social e económica já em adiantado estado de desenvolvimento em grandes áreas do nosso território, favorecida ainda pela imigração da primeira e segunda vaga.
Nas sociedades bombardeadas pela cultura do consumo, onde a vulnerabilidade social cresce e a desintegração da cultura aumenta, é relativamente fácil vender a ideia de produtos imprestáveis. O futuro só pode estar no conhecimento e na requalificação cultural, de amplo espectro, que temos que introduzir através de operadores devidamente qualificados. Temos que nos proteger. O melhor escudo protetor é a cultura e o conhecimento que nos leva a preservar de forma substantiva as nossas raízes. Dentre muitas hipóteses para que isto aconteça, as artes manuais, o craft + design, podem ser uma solução económica e socialmente viável. Os ofícios artísticos podem ser geradores de mudança e são os aceleradores de que precisamos para que a defesa da cultura aconteça de forma ética e estética.

A Educação pela Arte⁴
A educação artística influencia de forma acelerada o crescimento do individuo, capacita-o a exprimir sentimentos, a desenvolver a sua personalidade, a compreender com maior rapidez e fluência o mundo e a interagir com ele. Acelera o desenvolvimento da personalidade dos indivíduos e é uma mais valia para a transformação das sociedades. Torna-nos mais sensíveis e capacita-nos para um outro entendimento do mundo. Esta educação passa pelo saber fazer e compreender, para distinguir o que é bem feito e tem valor da tralha imprestável. Ao observar grande parte dos ‘artefactos’ que nos rodeiam, percebemos a necessidade urgente de educação artística ligada à competência dos ofícios manuais.

Precisamos também de referências da nossa identidade, estudar o passado, para que as gerações mais novas não se deslumbrem com posicionamentos de ‘fashion+marketing’ e contribuam com a grande capacidade que têm para o desenvolvimento da nossa economia e a permanência da nossa cultura. 
O tempo do craft + design e as ligações transversais que se vêm fazendo nesta área, está neste momento em movimento e consolidação constante e “dá aos ofícios artísticos um papel cada vez mais importante na sociedade”.⁵ O design pode ser a ferramenta de aceleração ao conceber novos métodos que agilizem a construção de novas funções, relações e significados.

3 – A RESPONSABILIDADE SOCIAL E O DESIGN

“Ao designer pede-se hoje que tenha uma visão global e consciente do mundo em que se insere; que desenhe para as necessidades do ser humano; que resolva problemas pensando-se como ser sistémico e interativo participando de uma viagem intergaláctica cuja nave pode colapsar. Deixemo-nos de ser meros produtores de artefactos consumistas para pormos a nossa criatividade e cultura ao serviço de uma nova dimensão social. Sejamos capazes de criar sucesso e desenvolvimento através de uma nova cultura distintiva.”⁶
Em 2004, na Universidade de Aveiro, propus aos alunos do segundo ano, na cadeira de projeto, um exercício que tinha enfoque no design com responsabilidade social. O desafio proposto devia projetar uma nova relação do homem com o meio estabelecendo novos modelos de intervenção.⁷

Os resultados destes projetos sempre me impressionaram pela clarividência das soluções propostas, complexas algumas, mas resolvidas de forma tão cristalina que por vezes me custa a creditar que tivessem saído de ‘jovens aprendizes de design’ com 18 anos. Para a apresentação pública na Universidade de Aveiro escrevi: “Os resultados que aqui  se apresentam são uma nova forma de fazer design, que analisa territórios, concebe planos de estratégia, cria novos conteúdos, desenha novas áreas de atividade geradoras de economia, estabelece novos intercâmbios sociais, redesenha a nossa identidade, novas maneiras de pensar, numa abordagem ecológica e plural capaz de criar uma nova diversidade de soluções, que potenciam o lado da integração social.”⁸
Este projeto levou-me a um “work in progress” de permanente descoberta de possibilidades de intervenção em projetos onde a complementaridade de áreas tão diversas como a encenação e a agricultura biológica, o craft, a biologia, a eco-arquitetura, a história ou a antropologia, são importantes para o seu desenvolvimento e consolidação. O tema do design com responsabilidade social, cuja visão holística é hoje mais do que nunca essencial para o reenfoque da disciplina, permite novas abordagens ao pensamento em design e ao aparecimento de novos produtos e serviços. A essência do design deve servir a causa do homem.

4 – O PROJETO ALDEIAS DO XISTO – VISÃO

A missão da ADXTUR- Agência para o Desenvolvimento Turístico das Aldeias do Xisto, é gerar atratividade territorial, promovendo um desenvolvimento social e económico sustentável e integrado com a natureza e os lugares. Ao longo dos últimos anos tem conseguido mobilizar agentes públicos e privados para uma estratégia de desenvolvimento turístico implicada em qualificar e valorizar os recursos locais junto de públicos e mercados com procuras exigentes em matéria de turismo de natureza e de responsabilidade social.
Uma estratégia de desenvolvimento centrada na mobilidade das pessoas impõe uma abertura continuada ao exterior e coloca exigências renovadas à qualidade de todo o interface material e imaterial do destino, ao nível das amenidades territoriais e equipamentos de que dispõe e dos bens e serviços que é capaz de produzir. 
A verdadeira diferença reside na capacidade de oferecer experiências únicas e irreplicáveis aos nichos de mercado com maior poder aquisitivo e maior potencial transformador. Num destino com as especificidades das Aldeias do Xisto, esta diferenciação só pode ser construída a partir da sua identidade. É sobre ela que as Aldeias do Xisto têm vindo a construir um laboratório vivo, convocando para o território a criatividade e a experimentação, para criar núcleos de transformação do tecido social capazes de fazer germinar novas formas de fazer, estar e ser.
Trata-se de um processo contínuo, inacabado e imperfeito. Exigente nas práticas de planeamento em todas as suas vertentes, da decisão à mobilização para a operacionalização, da exploração à aprendizagem para a capacitação. Para este efeito as Aldeias do Xisto vêm convocando a disciplina do design para, a par da gestão, construir ligações e simular opções possíveis para revelar dificuldades e insuficiências antes do compromisso da ação.

As Aldeias do Xisto chamam a si esse papel de agente experimentador e atuam a partir de três vertentes:
Estratégica: posicionar a marca Aldeias do Xisto como uma referência de sustentabilidade. 
Social: chamar novos atores para o território. 
Produto: criar bens e serviços representativos da identidade local.

É com base nessa visão estratégia e linha de atuação que lançámos a trilogia Água Musa – L4Craft -  Agricultura Lusitana, convidando artesãos, escolas e designers a imergirem na realidade das Aldeias do Xisto.

Rui Simão, coordenador da ADXTUR

5 – METODOLOGIA PROJETUAL - O PROCESSO DO DESIGN

Os projetos descritos nos capítulos anteriores foram importantes na investigação que permitiu capitalização de conhecimento, experiência, e concretização de uma metodologia projetual, implementada e alargada nos projetos realizados com as Aldeias do Xisto. Os resultados destes projetos não são fruto de processos aleatórios ou de atividades criativas inovadoras sem método, baseadas no processo do pensamento artístico. São antes resultado de uma ligação compreendida como necessária entre a gestão do projeto e o design. As Aldeias do Xisto já vinham trabalhando e gerindo a sua identidade com base na renovação dos fatores de atratividade, no desenvolvimento de novas competências e na criação de novos produtos e serviços. “Para este efeito as Aldeias do Xisto vêm convocando a disciplina do design para, a par da gestão, construir ligações e simular opções possíveis para revelar dificuldades e insuficiências antes do compromisso da ação.”⁹ O posicionamento do design, em convergência com a gestão do processo, motiva os resultados, o significado e o sentido conferido a todo o planeamento. 
Projetar passa então a ser fácil quando estamos presentes desde o início do processo e por dentro dos objetivos da gestão. O design atua então ao nível da estratégia na procura de uma visão para a solução do problema, no design operacional dos processos e ao nível do design dos conteúdos - tudo isto de forma concertada para chegar à resolução do problema.

Metodologia projetual no projeto ÁGUA MUSA:

• Problema: no projeto ÁGUA MUSA, a questão inicial que se colocava era a de desenvolver novos produtos para a Rede de Lojas das Aldeias do Xisto.
• Pré existência: ideia de uma comunidade de práticas, juntando artesãos para que em conjunto desenvolvessem esses novos produtos. 
• Mais valias: grande potencial tecnológico dos artesãos em causa. Confiança na competência das equipas de design, produção, fotógrafos, etc. Capacidade financeira para a boa execução do projeto. 
• Definição da ação: encontrar um tema para que existisse uma unidade de pensamento e coerência nos artefactos produzidos pelos diferentes artesãos. Criar um bom relacionamento entre artesãos e designers. Estabelecer um plano no tempo, pré definido e aprovado para a boa execução do projeto. Juntar toda a equipa, gestão, comunicação, artesãos, designers, em várias sessões de trabalho para em conjunto materializar ideias e produtos.
• Enquadramento e sensibilização: sessão de trabalho inicial em que toda a equipa assistiu a uma série de palestras com especialistas que enquadraram as Aldeias do Xisto, outras valências e mais valias, e naturalmente o tema ÁGUA.
• Pesquisa e levantamento de dados: viagem pelo território, visita a unidades de produção, explicações sobre a natureza e a biologia do lugar. Inicio de uma pesquisa dos valores e das relações da ÁGUA com o território.
• Mindshake in: ação coletiva inicial que visou estimular a ligação entre as pessoas, fomentar o pensamento criativo, a procura de novos caminhos de exploração para a materialização dos artefactos, criando a energia inicial. Enquadramento temático para suporte dos objetos a criar.
• Geração de ideias individuais: primeiras maquetes, desenhos, direções de trabalho individuais. 
• Materialização 1: primeiras propostas, desenvolvimento das ideias e maquetes em atelier, pelos artesãos, escolha de técnicas e materiais de conformação.
• Análise, avaliação, confrontação: apresentação das primeiras propostas pelos artesãos a todo o grupo de trabalho, consciência do coletivo da coleção e da comunicação conjunta. Avaliação das ideias e sua materialização em conjunto com a equipa de design. Simulação dos produtos através do desenho ou da simulação digital.
• Materialização 2: protótipos, avaliação – apresentação dos trabalhos finais; detalhes de acabamento; em alguns casos visita aos ateliers pela equipa de design. Conformação final dos projetos em atelier. 
• Seleção final de peças: produtos finais, seleção dos produtos a integrar a exposição.
• Imagem e comunicação: esta fase teve um peso importantes no projeto, já que permitiu uma profundidade comunicativa ao nível dos conteúdos escritos, e um cuidado visual com as imagens de cada artesão e dos processos por eles utilizados, que nos levou a uma viagem pelo país em visita aos seus ateliers. A comunicação do projeto assumiu uma qualidade de conteúdos e de apresentação gráfica não habitual, que se manifestou em todos os suportes, cartazes, catálogo, site, e um filme de enquadramento do projeto.
• Conceito expositivo: a estratégia de comunicação posicionou a necessidade de um projeto expositivo à altura, que amplificou os resultados de forma surpreendente.

”O design é uma função, um recurso e uma forma de pensar dentro da organização e algo que pode ser ativo no pensamento estratégico, no desenvolvimento de processos e, crucialmente, na implementação de projetos, sistemas e serviços; na forma como uma organização se relaciona com os seus clientes e com os protagonistas do negócio.”¹⁰

6 – 2013 - PROJETO I – ÁGUA MUSA – CRAFT+DESIGN+NATUREZA

A metodologia e o processo de design neste projeto foram determinantes para os resultados obtidos. “A água foi o tema inspirador para este novo relacionamento CRAFT+DESIGN+NATUREZA que ao permitir uma ligação entre as manualidades, o saber fazer e a cultura do projeto, proporcionou uma direção inovadora nos argumentos e narrativas dos artefactos contemporâneos que as Aldeias do Xisto querem implementar, e são o reflexo de uma preocupação com a recuperação das identidades e a renovação das comunidades ao serviço da causa do homem.”¹¹
ÁGUA MUSA teve a participação de 18 artesãos que representaram 14 ateliers, e deve também o seu bom resultado à escolha acertada do tema, dos artesãos que o integraram, e ao modus operandi ao longo do projeto. A ligação entre a equipa de design e os artífices foi de plena integração, não só nas sessões que se realizaram nas residências conjuntas na aldeia da Barroca, como nas visitas aos ateliers que se revelaram de fulcral importância para a concretização do projeto, onde fomentamos a troca de ideias, de conhecimentos de energia e amizade baseada no respeito entre pares.
Este projeto teve como primeira mostra pública internacional uma participação na EUNIQUE 2013 –Feira internacional de arte e design, em Karlsruhe, na Alemanha. O interesse no trabalho exposto manifestado pela organização, resultou num convite para que as Aldeias do Xisto representassem Portugal como país convidado na EUNIQUE 2015, o que veio a acontecer com o Projeto AGRICULTURA LUSITANA. Regressámos dessa mostra com uma mais valia de reconhecimento internacional que permitiu à ADXTUR constatar que a aposta no desenvolvimento de novos produtos contemporâneos e significantes dos valores do território podem ser excelentes interfaces culturais para a promoção e divulgação das Aldeias do Xisto. Comunicámos valores de autenticidade e marca, ligando património material e imaterial com o território, mostramos de forma contemporânea, com rigor e num patamar estético exigente, as mais valias do saber fazer dos nossos artífices, o que permitiu às Aldeias do Xisto ser hoje um membro integrante do World Craft Council.

7 – 2014 - PROJETO II - L4CRAFT - A LIGAÇÃO COM O TERRITÓRIO 

Este segundo projeto esteve também presente na EUNIQUE em 2014. O território das Aldeias do Xisto está dividido em quatro grandes núcleos: Serra da Lousã, Serra do Açor, Zêzere e Tejo-Ocreza. O projeto L4CRAFT desenvolveu-se a partir da essência destes lugares, e fundamentou-se num processo em que os criadores residentes convidaram outros artífices para, em conjunto, desenvolverem novos artefactos que representassem e transmitissem o espírito desse lugar. 
Destes quatro núcleos territoriais, as aldeias escolhidas foram Cerdeira, Janeiro de Cima, Benfeita e Foz do Cobrão. Neste projeto cada peça é o resultado de um processo colaborativo entre dois artesãos, duas tecnologias e um lugar. Na Cerdeira, a madeira convocou a cerâmica para produzir um artefacto que evoca a preparação artesanal do queijo, numa referência à ‘francela’, mesa tradicional de preparação do queijo. Na aldeia da Benfeita juntou-se o vidro à feltragem para dar corpo a uma taça que evoca os terrenos férteis e as práticas agrícolas da região. Em Janeiro de Cima, a arte da tecelagem e a madeira da Serra da Gardunha celebram uma das principais atividades rurais ainda presente nas Aldeias do Xisto - a pastorícia. Na Foz do Cobrão, aldeia onde o garimpo do ouro tem tradição, experimentou-se uma residência que ligou a cerâmica e a joalharia. A peça representa o movimento circular dos sedimentos na ‘bateia’, utensílio utilizado pelos garimpeiros do Tejo-Ocreza.

“Com o projeto L4CRAFT é essa identidade dos lugares que as Aldeias do Xisto querem convocar, juntando ao saber-fazer e à autoria local, o pensamento reflexivo e a metodologia projetual do design, para construir objetos capazes de explorar sentimentos de interpretação universal e, através deles, transportar o observador para um lugar tangível e vivenciável. Cada um destes objetos, evoca saberes e recursos singulares de lugares únicos que a todos desafiam a pertencer.”¹²

8 – 2015 - PROJETO III - AGRICULTURA LUSITANA – A REPRESENTAÇÃO NACIONAL

A trilogia iniciada com os projetos AGUA MUSA e L4CRAFT, ancorados na ligação craft + design + natureza + território + identidade complementou-se com o projeto AGRICULTURA LUSITANA - uma reflexão a partir da realidade das Aldeias do Xisto e da cultura lusa, imergindo nos valores do território e do espírito português. O slogan do projeto, ‘CULTIVA A TUA CULTURA’, chama a atenção para a cultura rural presente nas Aldeias do Xisto, procurando respeitá-la, protegê-la e construi-la, dando a conhecer o nosso património cultural. “Desafia-se a agregar em torno da nossa matriz identitária - a herança agrícola como essência do saber fazer, estar e ser - uma mole de atores e de fronteiras de conhecimento em áreas tão distintas como a história, a etnografia, a gastronomia, o craft, o design, as artes e ofícios tradicionais, as manualidades e a fabricação digital, a ecologia e o audiovisual, para, a partir do contexto local, idealizar e produzir bens e serviços significantes e capazes de atrair novas procuras. Gera um novo conjunto de produtos, protótipos e experiências que, para além de enriquecerem a nossa capacidade de fazer, nos permitem estabelecer novas ligações comerciais, estratégicas e afetivas com segmentos sociais, culturais e económicos, valorizadores da marca Aldeias do Xisto em Portugal e no estrangeiro.”¹³
A responsabilidade de uma representação nacional na EUNQUE 2015 foi o mote e a possibilidade de desenvolver este projeto com uma ambição que, de outro modo, seria impossível de realizar. De facto, esta experiência trouxe um conjunto de dúvidas, mas também ensinamentos e prospectiva, para futuros desenvolvimentos do território e da sua economia.
O projeto contou com o envolvimento de cerca de 150 pessoas, entre artesãos, designers, docentes e alunos de 9 escolas superiores de design nacionais. Especialistas da antropologia, da história, da geografia, do desenvolvimento rural, agricultores, habitantes das aldeia que trouxeram e enriqueceram de conteúdos esta reflexão e representação nacional. “Esta  noite tenho imenso orgulho em ser português”, disse Luís de Almeida Sampaio, embaixador de Portugal em Berlim, presente na inauguração da EUNIQUE 2015. A importância dada pela CCDRC- Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro, AICEP- Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal, Turismo do Centro de Portugal, entidades todas presentes na inauguração desta mostra, foi inequívoca, demonstrando o potencial destas ações para desenvolver o potencial do nosso país.

Os valores da nossa identidade
O enfoque principal deste projeto foi torná-lo o mais abrangente possível nos conteúdos que construíram a representação e a cenografia apresentadas no certame, e que obviamente falou das Aldeias do Xisto e do nosso país; mostrou produtos tradicionais produzidos pelos artesãos locais e artefactos desenhados pelos artesãos e designers, alguns em parceria com pequenas unidades industriais da região; levou projetos de várias escolas de design de todo o país, que os conceberam baseando-se em argumentos diretamente ligados à realidade das aldeias; ofereceu para degustação os nossos vinhos e uma seleção da nossa gastronomia; mostrou, através de um filme, a realidade do território e as suas paisagens, as pessoas, a cultura e os ativos que nele são oferecidos.
A representação Portuguesa na inauguração do stand teve a presença dos músicos António Eustáquio e Carlos Barreto no lançamento de um disco produzido e gravado nas Aldeias do Xisto. 

Se o reconhecimento dos mercados é fundamental para o desenvolvimento da nossa economia, podemos desta mostra tirar algumas ilações. A primeira, obviamente, é a curiosidade sobre os produtos expostos. Mas o que importa ressaltar é o impacto que esta representação nacional teve como um todo, mostrando a autenticidade e a cultura portuguesa de forma genuína, ‘produto’ que realmente impacta e desperta curiosidade noutros mercados de outras culturas. Temos portanto capacidades para desenhar e construir uma outra realidade baseada nos valores da nossa identidade, nas referências de genuinidade da nossa memória, para construirmos um património de oferta credível, para um turismo baseado na paisagem e tranquilidade do nosso território, no saber fazer e na autenticidade da nossa cultura. Importa fazê-lo de forma elevada, culta, não esquecendo porém que “a cultura, o pensamento, as criações do povo português não estão só nos níveis eruditos (...) mas também no homem anónimo, talvez analfabeto – repositório do saber mais antigo (...) onde nós fomos beber ensinamentos, e de que proclamamos a realidade, o valor, a natureza e a beleza genuína.“¹⁴
Mas para que estes valores se transformem em ativos contemporâneos é necessário torná-los cientificamente credíveis, pelo que apostámos numa participação alargada com outros territórios do conhecimento, convocando áreas tão diversas do saber como a antropologia, a filosofia, a geologia, a história, a biologia, a astronomia ou a economia. Cruzámos pensamentos de vários autores, que nos trouxeram erudição, e nos permitiram uma visão renovada e mais ampla dos desafios a concretizar e que muito contribuíram para a realização e posicionamento deste projeto. A polissémica atividade da disciplina do design respondeu à emergência de um novo modelo de pensamento, holístico e pluridisciplinar, que foi trazido para dentro do ato de gestão do projeto e que lhe permitiu alcançar os objectivos propostos.

Entre outros, o pensamento de Álvaro Domingues funcionou como guia e contraponto a muitas das reflexões que fizemos e a decisões que de outra maneira nunca teríamos chegado:
– “Perdidos os nexos estáveis que desvendavam o filme narrativa da realidade do rural, o atual contexto de mudança está a desmultiplicar até ao infinito as representações sobre a ruralidade: a pós, a neo, a des-ruralização. A leitura do rural redistribui- se e dissipa-se em múltiplas esferas, ou então é fantasiada numa só. É impossível manter todas estas janelas abertas e daí nasce uma crise de sentido.”¹⁵
– “A ruralidade transformou- se num conceito caótico, uma espécie de íman que atrai e fixa discursos e utopias que vão desde o neo-hippie, à permacultura, ao turismo eco-resort de luxo, ao ambientalismo para todos os gostos, à verdolatria, ao ecotech sustentável da produção agrícola e pecuária, tudo. O rural é um antibiótico de largo espectro para todas as nostalgias e incompreensões do mundo de hoje. Para que queremos hoje umas Aldeias do Xisto?”¹⁶

Gérard Mermoz reflete no seu texto Modernidade: A reinvenção da tradição... sobre a continuidade histórica e a sua transformação:
“As comunidades que têm como ambição agarrar o futuro nas suas próprias mãos têm de arranjar meios de resistir às formas agressivas do Darwinismo social, político, económico e cultural e a intensificação da produção e consumo em massa que aquele acarreta. No entanto, isto não acontece sem ser de uma forma concertada. Primeiro, há que imaginar alternativas viáveis para depois as fomentar com base nas nossas necessidades e nas das gerações futuras. Esta instância de um planeamento responsável e sustentável como parte da regeneração rural e urbana – para promover a felicidade – visa colocar o humanismo no cerne da questão para além dos interesses económicos e políticos individuais dissidentes.”¹⁷

Alastair Fuad-Luke trouxe-nos também argumentos para os propósitos que determinámos para este projeto e para outros desenvolvimentos futuros: “A base desta proposta é de um conceito de design ativista porque as questões são de locale, condições de vida e liminaridade, e não apenas o mercado. Os designers profissionais e os crafters redefinem a identidade do xisto juntamente com os habitantes e outros interessados. A prática do design é fazer, mas fazer algo que permita às pessoas com novas competências aumentar as suas capacidades. Isto é design ativista. Onde a visão é autonomia e não dependência, orgulho e não servidão, e sustentação significativa que celebre as suas origens.”¹⁸

Francisco Providência, Cláudia Albino, Pedro Salvado, Nuno Dias, Paulo Longo e outros trouxeram certezas e dúvidas fundamentais para o desenvolvimento do projeto sem as quais teríamos ficado aquém dos propósitos que imaginámos. Registámos no catálogo da exposição um conjunto grande de reflexões e pensamentos sobre a temática do projeto, e também uma visão para a sua continuidade. As dúvidas que Mário Moura coloca no seu texto do catálogo, intitulado “Agricultura e Design?” foi a nossa interrogação inicial: “ONDE ESTÁ
A AGRICULTURA NO PENSAMENTO DOS DESIGNERS?” 

Pedimos a nove escolas superiores de design nacionais que interpretassem a cultura dos lugares e desenvolvessem artefactos representativos dos valores locais e da diversidade do território. A cada escola foi atribuída uma aldeia. Claro que foram importantíssimos os resultados materializados nos artefactos que constroem este núcleo da exposição, mas as interrogações e certezas, o pensamento, o entusiasmo e as prospectivas que o projeto despoletou nos alunos, são indicativos das possibilidades de desenvolvimento de um design cujo território de atuação se situa no mundo rural. Das conversas que Bruno Ramos¹⁹ teve com os alunos, selecionou estas frases que são no fundo a evidência dessa realidade:

– “A maior vantagem deste projeto é a liberdade que nos dá para colocar as questões fundamentais do design, e a liberdade também para lhes responder.”²⁰
– “O contacto com as Aldeias do Xisto revelou-se importante, despertando consciência do que somos e dos valores que possuímos.”²¹
– “Este projeto não se resumiu só a uma utilização das minhas competências. O contato com as pessoas e com o seu estilo de vida fez algo por mim também, transformou-me eticamente e fez-me pensar nos meus valores e opções.”²²
– “Nas aldeias sentimos que somos pequenos perante a paisagem, sentimos a nossa própria dimensão humana.”²³
– “A relação das pessoas com a natureza e com o tempo, por contraponto, fez-me questionar o meu próprio estilo de vida, onde não tenho tempo para reparar, para sentir, para sequer conversar.” ²⁴
– “Os objetos têm de incorporar uma vertente emocional, tornar o objecto pessoal, provocando uma reação nas pessoas, ativando memórias, estimulando e cruzando referências.”²⁵

Relacionamento pessoas – paisagem - cultura
Os alunos do segundo ano de design da Universidade de Aveiro exploraram em ligação com o Fab Lab das Aldeias do Xisto o seu potencial produtivo. Materializaram produtos que emergem da iconografia local numa perspectiva contemporânea e de produção digital. O projeto desenvolvido com os estudantes da UA pode ser resumido por esta frase de uma aluna do segundo ano: “Este trabalho fez-nos aproximar mais da nossa cultura através das pessoas e, por isso tornou-o mais humano”²⁶ Este relacionamento direto com as pessoas, paisagens e a sua cultura, esteve no cerne do pensamento sobre a identidade dos lugares e foi a fonte de inspiração para a materialização do projeto. 
AGRICULTURA LUSITANA dá continuidade a um conjunto de outros projetos onde as questões da responsabilidade e do ativismo social do design
se cruzam estrategicamente com o produto, a comunicação ou os serviços, que os alunos investigaram percebendo a realidade e a cultura do território. “O design, enquanto mediador cultural para a mudança, terá aqui um papel essencial, adequando os ofícios (craft), aos usos neste tempo e lugar. Mas para isso terá de aprender a cultura do lugar, o seu espírito (genius loci), recebendo um conhecimento antiquíssimo que se perpetuou pela cultura. O resultado será, inevitavelmente, não a conservação cultural da Beira Alta, mas a recriação de uma nova cultura do lugar e, consequentemente, de uma nova identidade.”²⁷

O núcleo estratégico deste projeto foi de novo constituído pelos artífices, que foram a razão para início destes projetos em 2012, e continuaram a ser a sua âncora principal. Os projetos revelaram de novo as suas capacidades criativas, alargado neste projeto a outros autores que trouxeram novas tecnologias, ferramentas e saberes. Acrescentámos ao nosso portefólio novos artefactos de cutelaria, papel, cestaria, sapataria e tornearia de grande dimensão. Percebemos que é preciso massa crítica para que um sistema social se possa tornar autossustentável, e permita o seu crescimento.

Cultura visual
“A estratégia de comunicação do projeto, a sua linguagem e suportes, contribui para renovar o diálogo sobre a reinvenção da cultura dos lugares, baseada na proximidade real com as pessoas e no respeito pela memória e identidade do território. Esta é a matriz de comunicação das Aldeias do Xisto, à qual o design atribuiu uma dimensão de maior consistência, profundidade, coerência formal e atratividade geradora de maior significado e substância. As narrativas e o contexto visual, nos suportes gráficos e expositivos dos projetos, foram pensados para estimular uma nova imagem mental das Aldeias do Xisto. Essa relação sensorial, emotiva ou intelectual, cria elos referenciais com os indivíduos que, em última análise, amplificam a cultura.”²⁸

Sustentabilidade do projeto
“A missão da ADXTUR para o desenvolvimento turístico das Aldeias do Xisto é gerar atratividade territorial promovendo um desenvolvimento social e económico sustentável e integrado com a natureza e os lugares. Num mundo cada vez mais acelerado e competitivo a valorização económica dos recursos locais e a permanência da cultura nos lugares impõem novos e exigentes desafios. As Aldeias do Xisto chamam a si o papel de agente experimentador, convocando novos atores, pensamentos e competências para interagirem com as suas comunidades e, deste modo, gerar argumentos para idealizar e produzir bens e serviços significantes da sua identidade. O projeto Agricultura Lusitana aprofunda este posicionamento e aponta um caminho de transformação da realidade para um futuro mais sustentável”.²⁹

9 – NÃO VALE A PENA TAPAR O SOL COM UMA PENEIRA.

A metáfora do projeto dos alunos da UA ‘Não peneirar’ é interessante para uma reflexão: para quê uma peneira se as farinhas da globalização não precisam de ser peneiradas e são a matéria prima para fazer o maior pão do mundo, a maior broa com chouriço ou o maior cachorro do universo, sinónimos da aparente fartura de orgulho nacional, que se revê no consumo álacre e no aviltamento cultural. São símbolos vazios, cuja métrica retira evidência e valor ao pão artesanal - pequeno, escuro, resistente, nutritivo e saboroso, o melhor pão daquela aldeia, que contém em si os valores materiais e imateriais da cultura do lugar.
Não vale a pena tapar o sol com uma peneira, ao promover o vazio da cultura, escondendo factos e negando evidências. Qual o caminho que queremos escolher? Será o da concentração em eventos? O consumo desenfreado, massificado e a qualquer preço? A produção de bens imprestáveis de mau gosto que destroem a paisagem e os campos da cultura para a edificação das fábricas de lazer? Para quê o bacalhau gourmet quando temos mil maneiras de cozinhar bacalhau tão saborosas e impregnadas da nossa cultura?
“A sobriedade é um luxo para poder ser livre”.³⁰ É o futuro do decrescimento sereno, em que oferecemos a quem nos visita o melhor que construímos com engenho, quando vivíamos numa sociedade sóbria de não abundância. Será preciso requalificar antes de inovar. Os caminhos da inovação portuguesa precisam de ser definidos com inteligência e cuidado. O que vamos projetar para o próximo quinquénio tem que ser realmente visionário nos conteúdos, na forma e não só em ‘sound bytes’. Queremos que os turistas se transformem de novo em viajantes, ícones culturais da ressonância entre culturas e que a troca de bens e serviços validada pela moeda se estabeleça também num patamar de reconhecimento e validação cultural. Temos que ser capazes de olhar para aquilo que os outros vêm na natureza ainda viva do nosso país quando afirmam: “Terminamos a nossa viagem pela natureza e vida selvagem únicas e maravilhosas de Portugal.”³¹

Gostava ainda de ter tempo para colocar em prática um pensamento que tem vindo a ser partilhado e construído em conjunto com a gestão das Aldeias do Xisto, e que foi apontado como um dos seus três eixos de atuação - o social. Que projeto maior para o design do que participar no repovoamento de uma região? Criar condições para que o lado solidário presente nas novas gerações abra caminhos para uma outra abordagem, a do “Craft Designer Residente” que projeta e se integra no meio para, em positiva contaminação, resolver os problemas das pessoas, com as pessoas, estabelecendo novas parcerias de desenvolvimento local numa ideia de responsabilidade social, baseada num futuro com ‘decrescimento sereno’.³²
Desenhar e trabalhar com as pessoas, inclui-las, partilhar ideias, aspirações, conhecimentos, necessidades, para que o design seja de integração, inclusivo e ético. Gostava de desenhar com a dona Laurinda a sua loja na Barroca, perpetuar-lhe a memória e validá-la para os próximos tempos. A ideia de um renascimento rural é uma visão holística a partir da qual se podem imaginar novos cenários - design rural – como marca dinâmica e contemporânea coerente com os pressupostos do decrescimento sereno. Para promover o bem-estar pessoal, social e político no território deste projeto, Portugal.

aguamusa.com
l4craft.com
agriculturalusitana.com
aldeiasdoxisto.pt

^{1 - Cláudia Albino, in catálogo agricultura Lusitana
2 - Bruno Munari in “Das coisas nascem coisas”
3 - Joao nunes e Mário Vaz, In catalogo da exposição ‘DESIGN87’ ARCA, Vila Nova de Cerveira
4  Herbert Read
5 - Tanya Harrod - in revista Crafts 2004
6 - João Nunes in texto de apresentação dos projetos em design na Universidade de Aveiro 2004/2005 
7 - O objetivo principal era desenhar uma estratégia de intervenção para uma área geográfica determinada, utilizando o design como ferramenta para criar soluções para o seu desenvolvimento. O projeto a desenvolver deveria ter um carácter estruturante e basear-se nos princípios da sustentabilidade, potenciando os seus três vértices fundamentais, a economia, a preservação do meio ambiente e o bem estar social. O design deste projeto deveria ser estratégico, territorial, com a capacidade de desenhar sistemas integradores, capazes de resgatar da morte social regiões deprimidas e conceber novas dimensões estéticas para a nossa paisagem comum. Os projetos deveriam localizar-se de preferência em zonas isoladas, meios rurais do interior, economicamente débeis, ou em risco de ruptura ambiental. Os alunos identificaram 3 locais em Portugal Ilha da Berlenga em Peniche, aldeia de Cubas no Concelho de Vila Pouca de Aguiar, e Serra da Freita em Arouca. No programa do exercício pretendia-se criar zonas de experimentação e demonstração para a implementação de novos modelos de desenvolvimento. 
8 - João Nunes in texto de apresentação dos projetos em design na Universidade de Aveiro 2004/2005
9 - Rui Simão, coordenador da ADXTUR
10 - Kathryn Best, in Gestão do design
11 - João Nunes, in catálogo ÁGUA MUSA
12 - Rui Simão, coordenador da ADXTUR
13 - Rui Simão, coordenador da ADXTUR
14 - Ernesto Veiga de Oliveira, apud Benjamim Pereira, “Dados biográficos e autobiográficos de Ernesto Veiga de Oliveira” (Biographic and autobiographic information about Ernesto Veiga de Oliveira)
15 - Álvaro Domingues, in Vida no Campo
16  - Álvaro Domingues, in catálogo Agricultura Lusitana
17 - Gérard Mermoz, in catálogo Agricultura Lusitana
18 - Alastair Fuad-Luke - in catálogo Agricultura Lusitana
19 - Diretor de Marketing e Comunicação da ADXTUR
20 - Fábio Pereira, UBI- Universidade da Beira interior (Covilhã)
21 - Elsa Almeida, UE- Universidade de Évora
22 - Mário Roda, ARCA EUAC- Escola Universitária das Artes de Coimbra
23 - Hugo Cardoso, ESAD- Escola Superior de Artes e Design de Matosinhos
24 - Ana Margarida Ferreira, IADE-U-  Instituto de Arte, Design e Empresa – Universitário (Lisboa)
25 - Joana Moreira, ESAD- Escola Superior de Artes e Design de Matosinhos
26 - Daniela Lopes, DECA- Departamento de Educação, Comunicação e Arte da Universidade de Aveiro
27 - Francisco Providência, in catálogo Agricultura Lusitana
28 - Bruno Ramos, Diretor de Marketing e Comunicação das Aldeias do Xisto
29 - Rui Simão, coordenador da ADXTUR
30 - José Mujica
31 - aidnature.org
32 - Serge Latouche}