Vila Cova de Alva é povoação de origem remota, à qual foi concedida carta de foral pelo Bispo de Coimbra, D. Estevão Annes Brochardo (bispado: 1304-1318). Os bispos de Coimbra são tidos como donatários da região desde o reinado de D. Sancho I. Este foral é confirmado, em 1471, pelo Bispo de Coimbra D. João Galvão e primeiro Bispo-Conde de Arganil. Terá recebido renovação de foral em 1514, por D. Manuel I.
No “Cadastro da população do Reino (1527)” consta no termo da vila de Coja a existência da então denominada Villa Cova onde viviam 89 moradores. O foral foi renovado, em 1540, pelo rei D. João III. Nos séculos XVI e XVII, estiveram aqui radicados importantes ramos das famílias Abranches e Figueiredo. Em 1708, era denominada Vila Cova de Sub-Avô e ainda pertencia ao Bispo de Coimbra. O concelho foi extinto em 1836.
Quanto à origem do nome, numa das versões do PORTUGALLIAE de Fernando Alvaro Seco, datado de 1600 - tido como uma das primeiras representações cartográficas da totalidade do território continental português - encontramos “Vª COVA” na localização da atual povoação, nome que terá evoluído para Vila Cova de Sub-Avô, com o significado de, seguindo o curso do rio Alva, estar depois de Avô. Esta designação subsistiu até 1924, data a partir da qual passou a designar-se por Vila Cova de Alva. Também foi designada Vila Cova dos Frades, nome derivado do convento existente.
O mecenas do convento
De acordo com a lápide tumular no transepto da igreja do convento, Luís da Costa Faria doou todos os terrenos, 40$000 réis para a alimentação da comunidade que construiu o imóvel, várias casas na vila e três mil cruzados de dinheiro a juro, em troca de sepultura no lado da Epístola, junto à Capela de Nª Srª da Conceição, cuja imagem também mandou executar numa oficina do Porto. Entrou para o convento em data incerta e aí veio a falecer, no dia 19 de abril de 1730.
O Convento e a terceira invasão francesa
Numa relação pormenorizada efetuada pelo Padre Manuel Lopes Graça sobre os efeitos da passagem das tropas francesas em 1811, é referido que estas atacaram barbaramente o convento, em particular a sacristia, estragando os arcazes e respetivas gavetas, queimando a roupa branca e ornamentos, roubando o Santo Lenho e várias relíquias, profanando os altares da igreja e rasgando o psaltério e o antifonário. A imagem do Senhor dos Passos foi profanada, tendo-lhe sido arrancado um braço. O órgão ficou afetado pela remoção de alguns tubos.
Convento construído com madeira da Mata da Margaraça
Em 1713, o Bispo de Coimbra, António de Vasconcelos e Sousa, efetua doação de vários bens para a construção do convento, nomeadamente madeira da Mata da Margaraça (atualmente incluída na Paisagem Protegida da Serra do Açor), que na altura lhe pertencia.
O arquiteto do convento
Será de João Coelho Coluna - um frade ou leigo natural de Alvito - a autoria do projeto do convento. A pedra tumular da sua sepultura na galilé da igreja do Mosteiro possui a data 1756.
Uma aldeia com romance
“Vale de Crugens”, de 1958, da autoria de Mário Braga, não é mais do que Vila Cova do Alva. Mais novela que romance, acompanha o personagem Maria da Natividade, nome que é o mesmo da padroeira da aldeia. Fala-nos da "casa do convento vasta e com um torreão em bico em cada canto", "antigo mosteiro de frades", do negro poço da Fraga no rio, dum Zé dos Peixes, dos músicos a ensaiar na Casa do Povo; das notícias da cheia que vêm de Avô e em Pomares a força da corrente "arrastara um ror de Oliveiras", o mesmo acontecendo nas freguesias de Arganil; fala-nos que os homens vão para Lisboa procurando "uma vida mais limpa", partindo com a vontade de voltar para montar um negócio na terra, mas que, realmente só regressam carregados de saudade.
(adaptado de www.miradourodevilacova.com)
A Confraria do Bucho (Arganil)
A criação e existência desta confraria - que desde 2006 promove o produto - tem muito a ver com as características distintas e com a fama da qualidade do bucho produzido em Vila Cova do Alva.